MAIS DO MESMO seria, em princípio, o título do disco que acabou sendo lançado dez anos atrás com o título de Que país é este 1978/1987. Se aquele era uma espécie de autobiografia precoce, no bom sentido,poético, este Mais Do Mesmo que você tem nas mãos é a autobiografia sem adjetivo, no bom sentido, histórico. Autobiografia até porque as 16 faixas do CD foram selecionadas por Dado Villa-lobos (guitarra) e Marcelo Bonfá (bateria), os dois legionários urbanos sobreviventes a Renato Russo (voz e baixo), morto em 11 de outubro de 1996.
Parece um disco perfeitamente coerente e não uma mera coletânea: a Legião Urbana sempre fez todo o sentido do mundo.
São três faixas do primeiro CD, o politizado LEGIÃO URBANA, de 1985: "Será", "Ainda é cedo", "Geração Coca-Cola". São três faixas do segundo, o amoroso DOIS, de 1986: "Eduardo e Mônica", "Tempo Perdido" e "Índios". São duas faixas do irado Que País É Este 1978/1987: a própria e "Faroeste Caboclo" (até aqui o baixista era Renato Rocha). São três faixas do religioso As Quatro Estações, de 1989: Há Tempos", "Pais e Filhos" e "Meninos e Meninas". E uma faixa do sombrio V, de 1991: "Vento No Litoral". Duas do reflexivo O Descobrimento do Brasil, de 1993: "Perfeição" e "Giz". Uma do deprimido A Tempestade, de 1996: "Dezesseis". E uma do redentor Uma Outra Estação, do ano passado "Antes das Seis".
Dezesseis faixas de discos politizados, amorosos,irados,religiosos,sombrios,reflexivos,deprimidos,redimidos, discos que configuram quase um evangelho, por mais que Renato Russo, a certa altura da vida renegasse qualquer messianismo.
Nenhuma das faixas exige maiores floreios de apresentação. Elas estão aí, como se aí estivessem desde sempre, são músicas incorporadas ao inconsciente coletivo, dessas que a gente cantarola sem nem saber por quê- são clássicos.
E os clássicos são clássicos porque sempre devem ser ouvidos, revistos e relidos.. Ufaa -_-' cansei !!!